Mapear os becos tortuosos e espremidos de uma favela não é tarefa das mais fáceis, e se essa comunidade for a Rocinha, no Rio de Janeiro, o trabalho é bem mais complicado. São mais de 100 mil pessoas vivendo em moradias não planejadas, sem numeração, com ruas duplicadas e endereços que só são conhecidos por quem mora por ali.
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Para tentar amenizar esse problema, pesquisadores do Senseable City Lab, do MIT, dos EUA, vão usar um sistema de mapeamento digital para organizar toda a estrutura urbana de uma das maiores favelas do mundo, com quase 26 mil moradias.
Pente fino
A equipe do MIT leva scanners 3D até os becos mais estreitos da comunidade, que tem pouco mais de 1,5 quilômetro quadrado. Não parece muito, mas a densidade demográfica é que complica o trabalho: são mais de 48 mil moradores por quilômetro quadrado — de longe, a maior aglomeração de pessoas vivendo em um bairro no país.
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Os equipamentos de última geração conseguem gerar 300 mil pontos de dados a cada segundo, construindo uma rede digital com informações precisas. É a primeira vez que um censo de proporções tão grandes é realizado na favela que existe entre os bairros da Gávea, São Conrado e Vidigal desde 1930.
Mapa digital
O custo para scannear e mapear toda a comunidade será de aproximadamente US$ 60 mil (cerca de R$ 325 mil). Além de conhecer mais a fundo a “alma” da Rocinha, o valor gasto permitirá a criação de aplicativos de utilidade pública.
Com mapas digitais constantemente atualizados, será possível facilitar o acesso a serviços públicos como água, coleta de lixo e iluminação. As varreduras eletrônicas também podem ser usadas para criar registros de propriedade, diminuindo a burocracia na hora de comprar ou vender um imóvel, por exemplo.
Engenheiros urbanos podem utilizar os mapas para construir espaços mais otimizados, de acordo com a necessidade de toda a comunidade. Serviços de correio e de entrega de mercadorias poderiam consultar as rotas digitais para aprimorar suas atividades de forma mais inteligente e segura.
Desafios
O uso da tecnologia ainda é novidade para a maioria dos moradores da Rocinha. Muitos deles estão acostumados a caminhar pelas ruas do bairro seguindo um esquema de mapeamento feito com papel e caneta.
Quem nasceu na comunidade já se acostumou com os labirintos e o com o vai e vem de pessoas que nem precisam mais de um pedaço de papel para encontrar um endereço em questão de minutos.
A ideia dos pesquisadores é integrar os dois mundos e trabalhar ao lado da comunidade para encontrar o equilíbrio entre a tecnologia e o que já vem dando certo desde que a fazenda foi loteada e se transformou na maior e mais famosa favela do Brasil.
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Fonte: Canaltech